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o irracional da razão

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Sem contrato

Paulo Mendes Campos tinha razão quando afirmava que o amor acaba. Ah, se ele acaba. Ele não escolhe quem deve eternizar ou quem deve romper. Nem a hora. Nem lugar. É um furacão. Sem dia, hora, minuto. Assim como surge, se vai. Assim como a estabilidade não quer dizer nada. Assim como a instabilidade não quer dizer nada.

Quantas relações tentamos decifrar o tempo de duração. Afirmamos que serão apenas meses, ou no máximo até três anos, a duração média dos apaixonados segundo pesquisas. Então, ao passar dos três anos já entregamos para eternidade. Se passou pelo arroto, discussões em família, brigas, reconciliações, viagens e pausas sexuais, o casal está pronto para sempre. 

Recentemente encontrei um amigo que terminou um relacionamento de oito anos. O motivo é o mais temido de todos... Ele lembrou que não havia contrato. Um dia acabou. Não é uma morte rápida e pouco dolorosa, muito pelo contrário. Mas é algo que não se ignora. E se tem uma coisa estranha, é o tal do amor. Ele acaba, mas ele se renova. E se cria. E cria raízes em locais que nem imaginamos. Meu amigo, um quase ateu, se vê apaixonado por uma evangélica. 

Se o novo desperta o amor, o antigo o faz ancorar durante anos num local só. Saber quando o amor irá acabar é inútil e tolo. É procurar por brigas. É pensar que alguém ficará com você apenas pelo gosto musical, sexo, ou poesias. É querer prever um contrato imprevisível. É sentar e esperar por algo que pode não acontecer. É esquecer da magia que envolve o amor. Quantas pessoas conhecemos que tem um gosto semelhante ao nosso, mas não despertam a magia. É necessário algo a mais que previsões.

Para cada amor que acaba, existe algum que já floresce. Numa relação existe sempre dois pesos. Para um, o amor acaba para renascer em outro. Para o outro, no pior dos casos, é entendido que o amor está perdido. É mais fácil pensar que ele está confuso, mas o amor, ah, o amor. O amor se finda.

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