A gente se acostuma

Das coisas que nem conheço, mas compartilho: a gente se acostuma.
A gente se acostuma ao pouco, a ser deixado de lado, a alguns amigos inconvenientes, a vida que passa vazia, as pessoas grossas e prepotentes, as pessoas que falam por não ter o que falar. A gente se acostuma com a televisão desligada ou ligada para ninguém. A gente se acostuma a enxergar, mas não ver. A gente se acostuma com as pessoas que tratam melhor desconhecidos do que os parentes (há ainda os que endeusam pessoas que nunca conviveram). A gente se acostuma com a saudade, com a falta, a sentir falta só pra dizer que sente algo. A gente se acostuma a conviver, viver e reviver. Aprendemos a engolir sapos achando que um dia vamos cuspir, mas sapos não pulam pra fora. A gente se acostuma a remar rápido mesmo sabendo que, muitas vezes remar rápido demais, só nos afunda. 

aleatório mas leiatodo

Ventilador
não ventila a dor
não protege a dor
e nem circula o amor

A bondade
não atrai felicidade
não gera a igualdade
nem transpira liberdade

A vida não nos protege
das coisas ruins que acontecem
quando as boas se despedem
as ruins, não se vão, elas criam raízes

Quem vai, se despede
quem fica sempre pede
por lealdade
ou um pouco de saudade

A saudade gruda mais do que chiclete
lembrando que  te esqueci
me despeço de você
mas você só me despedaça

No final das contas
o tempo passa 

repassando a dor e o amor para outra pessoa
as contas não são de luz ou telefone
mas a gente sempre paga

Não percebemos as surpresas
E milagres que acontecem
quando tudo parece doer
é que nos doamos sem querer

E a culpa só diz culpa
pede desculpa e fala que pior
do que sentir culpa pelo que fez

é  sentir pelo que deixou de fazer

A vida segue por rios 

que só podem ser banhados uma vez
As pessoas seguem se desculpando
A saudade segue lembrando

O tempo é eternamente o mesmo
É ter na mente, que o eterno 

não usa terno, nem paletó.