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o irracional da razão

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Boca

Há alguns meses escrevi sobre o filme Wiplash. Citei um careca e disse que em algum momento da vida nós temos algum careca. A profecia se cumpriu. Como uma coisa falada tão natural que se realiza, parecendo que foi pedido. Quando a gente brinca com o acaso e diz as regras por um momento. Feito buscamos por algo, que nem sabemos o que é de verdade. Quando "o que a gente procura está procurando pela gente".

Em poucos meses me acostumei com um braço riscado pela memória falha. Por achar que era uma declaração e ter apenas "passar no banco",  "supermercado", "assistência"; Me acostumei a um sorriso que não sei se é mais tímido ou mais belo. Alias, Belo é o teu apelido na família. Mas o que me hipnotiza mesmo é tua boca, não porque me beija ou por dizer frases bonitas, mas o recorte perfeito que tem. A tonalidade. A barba é só o que dá o toque a mais. Seria a torta de frango sem a azeitona, você sabe o que quero dizer com isso. Sabemos que o teu cabelo nunca mais voltará, mas eu nem reflito sobre isso, não me importo. Me acostumei a dormir no meio do filme e acordar contigo rindo. E me acostumei a você me tirar de uma situação de risco e sem querer já ir pisando no meu pé e caindo, me derrubando ou batendo a cabeça na parede (quando tudo isso não acontece ao mesmo tempo).

Eu me acostumei e pretendo não desacostumar. Não é que eu não saiba viver sem tua boca, é que eu não quero.

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