Contato Imediato

o irracional da razão

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

de forma grandiosa

Não sei como pensam as pessoas, mas sempre imagino numa maneira grandiosa de morrer. Depois de quase cair num bueiro e quase morrer afogada na praia, entendi que o que me salvou foi justamente não me permitir morrer por algo pequeno. Na infância, li uma frase de Paulo Coelho, que dizia algo como "quando pensamos muito na morte, aproveitamos melhor a vida" e aquilo me fez, vez ou outra, pensar sobre a morte.
Daí em diante a imaginação fértil fez o resto. Morrer atropelada não pode. Morrer salvando uma vida no Jalapão pode. Afogada não pode. Morrer de amor pode. E nessa ilusão de falsa cigana da avenida Boa Viagem fui construindo o que podia ou não. Sem perceber que se morre todo dia. Que se vive todo dia. Muitas pessoas tem isso de querer imortalizar as coisas, ou se auto imortalizar, como se todos fossemos artistas e passasse a linha do tempo da vida de cada um nos jornais. Como se a vida pedisse que o eterno fosse durável.
Vemos nos jornais que é perigoso sair de casa, logo nos acostumamos a ficar presos. É notório também que a maioria das pessoas ao nosso redor morrem,  elas não são mortas, a não ser claro que você more num lugar considerado de risco. Caso seja mulher tem o risco da obsessão vestida na pele do amor, nesse caso, também há riscos. Mas no mais, o que a gente escuta falar é que "não acredito, Zé da venda morreu? Mas ele estava bonzinho ontem. Como pode?!".
Recordo de uma frase de Guimarães Rosa, quando ele diz, "o que tem que ser tem muita força". O grandioso mesmo, não carece de explicações. Acontece por que acontece. Uma gripe, uma febre, uma onda, um bueiro. Nunca é demais lembrar que não é só gente que morre. Sentimentos também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário