Contato Imediato

o irracional da razão

segunda-feira, 23 de março de 2015

Dolores

- Não sei o que fazer, quando olho para ele, tenho a certeza de que é ele. Ele é o cara. Mas tenho medo de voltar a me magoar como aconteceu nos últimos anos. Tenho medo de que ele não goste de mim e que eu volte a sofrer como sempre aconteceu.
- Minha cara, se o sofrimento parece permanente em tua vida, o que te causa tanto medo?
- O do não ser recíproco. O que me incomoda é não saber o que ele sente por mim. Não consigo não pensar nisso, dele não gostar de mim. O que faço para saber se ele me ama?
- Querida Dolores, o conselho que daria é: escuta a tua balança interna, todos temos uma. Alguns chamam de consciência outros de Deus, ou o Deus da consciência. Te escuta e ouve o silêncio. Sobre as certezas, sinto te dizer que, o que sei dela pode não agradar muito. E talvez tua condenação seja a de entender, de uma vez pra sempre, que não podemos medir o gostar alheio. Quem passa por nós não assina contrato, não estabelece tempo e o medidor vive quebrado, só pra gente não ter a certeza das coisas. É um se jogar em piscinas, sem saber se estão cheias ou vazias. É a corrida em direção ao abismo, qual nos jogamos tendo a plena consciência que nada nos aguarda lá embaixo. Acalma teu coração, que não é a primeira vez e nem a última que a dúvida vai reinar. As incertezas só crescem com o tempo, mas isso não deve ser pensado como algo ruim. As certezas não nos fazem andar. A certeza é algo que perde a graça, ainda mais nas relações amorosas. Certeza só temos quando o tempo passa e esclarece o que era turvo. O amor é a prova das lentes de contato que você usa. Dolores, querida, para de causar dores e pôr os dedos na própria ferida. Dá um play em tua vida.

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